Entre as ruas estreitas da Medina de Marrakech, um letreiro discreto, e várias cegonhas (que roubam a atenção das pessoas que passam), indicam que ali está o Palácio El Badi. A fachada e a bilheteria modestas não dão indicação do que encontraremos ao cruzar a porta de entrada, o que torna o impacto da surpresa e o encantamento ainda maiores.
Diante dos nossos olhos, um complexo arquitetônico em ruínas, mas que não deixa dúvida quanto à opulência e beleza que apresentava em seu período de auge. O Palácio El Badi foi construído no final do século XVI, entre os anos de 1578 a 1594, pelo sultão saadiano Ahmed al-Mansour Dhahbi, para comemorar a vitória sobre os portugueses na Batalha dos Três Reis.
Devido sua grandiosidade e riqueza, o El Badi era conhecido como O Incomparável, e tornou-se um dos principais símbolos do poder do soberano. Para se ter uma noção, em seus tempos de glória, o palácio chegou a ter cerca de 300 quartos, e os revestimentos de mármore e granito equivaliam a uma área de aproximadamente 50 hectares.
Todo esse esplendor entrou em decadência no final do XVII, quando o então sultão Moulay Ismail decidiu transferir a capital de Marrakech para Meknes, e saqueou completamente o palácio. Atualmente, o El Badi é uma imensa área cercada por altos muros vermelhos (a cor símbolo de Marrakech), que abrigam plantas – especialmente laranjeiras –, ruínas de aposentos e mosaicos, e muita história.
Considero a visita ao El Badi uma das melhores coisas para fazer em Marrakech. Até hoje, consigo recordar com exatidão o encantamento que senti ao entrar e ver toda aquela imensidão diante de mim. É possível passar horas por lá, explorando seus diversos ambientes, conhecendo sua história e fotografando. A propósito, é também um dos lugares mais fotogênicos de Marrakech.
Durante todo ano, o El Badi recebe turistas de várias partes do mundo, e sedia alguns eventos, como o Festival do Riso de Marrakech ou o desfile da coleção cruise 2019 da Dior. E embora sua construção tenha sido inspirada na Alhambra de Granada, na Espanha, a experiência de visitá-lo é comparada a conhecer o Fórum Romano ou as ruínas da Acrópole, em Atenas.